O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), retirou das redes sociais o vídeo em que humilhava estudantes de uma escola estadual após ser alvo de uma representação apresentada pelo deputado estadual Lúdio Cabral (PT) ao Ministério Público de Mato Grosso (MPMT). A gravação, publicada em agosto, mostrava o prefeito ridicularizando adolescentes durante um evento promovido pelo Governo do Estado na Escola Estadual Alice Fontes Pinheiro, em Cuiabá.
Na terça-feira (21), a promotora Daniele Crema da Rocha de Souza, da Promotoria da Infância e Juventude da Capital, informou que solicitou esclarecimentos à Prefeitura sobre o caso. A Procuradoria Geral do Município (PGM) respondeu que o prefeito havia pedido desculpas pela repercussão negativa e removido o conteúdo de suas plataformas. Diante da exclusão do vídeo, a promotora arquivou a notícia de fato por perda de objeto, mas esclareceu que a apuração criminal continua sob responsabilidade da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ).
A denúncia apresentada por Lúdio Cabral acusa o prefeito de expor indevidamente crianças e adolescentes em situação vexatória, o que configuraria cyberbullying e violação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O parlamentar pediu que Abílio fosse responsabilizado nas esferas cível, criminal e administrativa, e que o vídeo fosse retirado das redes sociais, por se tratar de um “ambiente aberto e permanente de exposição e linchamento virtual”.
O episódio ocorreu em 14 de agosto, quando Abílio participou de uma atividade escolar no bairro Jardim Nossa Senhora Aparecida. Durante o evento, o prefeito tirou uma foto com um grupo de alunos que fez o gesto do “L”, em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seguida, Abílio gravou vídeos questionando os adolescentes sobre o gesto e ironizando o conhecimento deles em matemática, afirmando que “sabem fazer o L, mas não sabem quanto é 4x4”.
A gravação foi publicada para os 1,1 milhão de seguidores do prefeito no Instagram e gerou milhares de comentários ofensivos dirigidos aos adolescentes. Nenhum filtro ou moderação foi aplicado para conter os ataques.
Segundo Lúdio, o comportamento de Abílio representa um “abuso de autoridade e violência simbólica contra estudantes dentro de um ambiente escolar”. Ele afirmou que o episódio “fere princípios básicos da educação e da proteção à infância” e cobrou que o prefeito seja punido conforme prevê a legislação.
Apesar da remoção do vídeo, o caso segue em análise pela Procuradoria-Geral de Justiça, que apura se houve crime contra menores e violação de direitos fundamentais.











