O vice-prefeito de Várzea Grande, Tião da Zaeli (PL), minimizou as denúncias de violência de gênero feitas pela prefeita Flávia Moretti (PL) e por outras mulheres da política mato-grossense, atribuindo as tensões ao “ambiente duro” das disputas eleitorais e institucionais.
Em entrevista concedida nesta terça-feira (11), Tião foi questionado sobre as recentes declarações de Flávia, que afirmou estar sofrendo violência de gênero ao ser chamada de mentirosa pelo ex-líder do governo na Câmara, vereador Samir Japonês (PL), e também sobre os relatos da presidente da Câmara de Cuiabá e da deputada estadual Janaína Riva (MDB), que disseram enfrentar situações semelhantes. O vice-prefeito, no entanto, disse não enxergar o problema sob a ótica de gênero.
“Eu não tenho visto essa violência de gênero. A política é um palco muito disputado, de muitos debates acalorados. Eu não vejo violência de gênero”, declarou.
Segundo ele, o ambiente político é naturalmente agressivo e exige preparo emocional de quem o ocupa. “Se a mulher não tem estrutura emocional e não tem essa capacidade de ir pro debate, não deve mexer com política. Realmente é um ambiente complicadíssimo. Até nós que somos homens, que temos uma estrutura emocional um pouco mais forte, a gente sofre com isso”, afirmou.
Apesar de negar a existência de violência de gênero, Tião reconheceu que a prefeita tem sido alvo de ataques. “Eu vejo sim que a prefeita tem sofrido com isso, mas eu não vi violência de gênero. É debate político e ela tem que se preparar”, disse.
Questionado se o cenário político estaria hostil, o vice-prefeito avaliou que o problema não é a agressividade, mas a falta de um debate mais qualificado. “O ambiente não está hostil, o ambiente está carente de um debate mais elevado, com foco mais no município”, observou.
Tião também comentou a dificuldade da prefeita em aprovar projetos na Câmara de Vereadores e apontou falta de articulação política. “Toda relação é um diálogo de alto nível, um diálogo coerente, onde se escuta muito e fala pouco. É simples: vamos ter um diálogo com a Câmara, escutando muito e falando menos, entendendo qual é o anseio de cada um, porque todos têm que dar resposta para a população”, afirmou.
Ao falar sobre o ataque de Samir Japonês, que chamou a prefeita de mentirosa na tribuna, Tião afirmou que o episódio poderia ter sido evitado. “Nós já tínhamos avisado que aquele vice-líder estava exagerando nas críticas, inclusive envolvendo a família do Samir. Houve exagero do vereador Sardinha e se desdobrou nisso aí. Lá atrás eu tinha avisado para a prefeita: chama para uma conversa. E não aconteceu. E chegou onde chegou”, relatou.
“Dois ouvidos e uma boca”
Tião da Zaeli deixou claro que tem buscado aconselhar a prefeita e que outros aliados, como Ananias, também têm tentado orientar a gestão. Questionado se o problema é a falta de disposição de Flávia em ouvir, respondeu com uma metáfora: “A configuração do ser humano são dois ouvidos e uma boca, então não precisa falar mais nada do que isso.”
Para Tião, falta escuta, diálogo e articulação, tanto com a Câmara quanto na forma de lidar com as tensões do cargo, inclusive quando envolvem acusações de violência política contra mulheres.











