O Brasil registrou 1.168 acidentes de origem elétrica no primeiro semestre de 2025, 7,5% a mais que no mesmo período do ano anterior. É o que mostra o levantamento inédito divulgado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). O relatório revela dois movimentos opostos: queda nas mortes por choque elétrico, mas alta preocupante nos incêndios provocados por sobrecarga e fios de baixa qualidade.
De janeiro a junho, foram 388 mortes por choque elétrico, contra 448 no mesmo período de 2024, uma redução de 15%. Por outro lado, os incêndios causados por problemas nas instalações elétricas saltaram de 467 para 632, aumento de quase 36%, o maior registrado desde o início da série histórica.
Depois de três anos consecutivos de crescimento, os acidentes por choque elétrico finalmente recuaram. Houve 501 ocorrências e 355 mortes, números próximos aos de 2023. Para a Abracopel, a redução reflete o impacto de campanhas educativas e da ampliação de projetos de conscientização em escolas e residências.
“Qualquer redução já é motivo de celebração. A educação elétrica está salvando vidas”, destacou a entidade no relatório.
Mesmo assim, o Nordeste ainda lidera as estatísticas nacionais, com 177 acidentes e 135 mortes, embora tenha registrado melhora em relação a 2024, quando foram 173 mortes. O Sul também apresentou queda expressiva (de 68 para 57 óbitos), enquanto o Sudeste passou de 80 para 61 mortes.
A Região Norte foi a única a registrar aumento, de 52 para 58 mortes -, e o Centro-Oeste manteve leve redução, com 44 vítimas fatais.
Casas continuam sendo o local mais perigoso
As moradias permanecem entre os ambientes mais letais. No primeiro semestre, foram 107 acidentes e 76 mortes, uma redução de 40% em relação a 2024. Já as redes aéreas — que envolvem trabalhadores e serviços de manutenção — registraram 194 ocorrências e 123 mortes, o menor número dos últimos quatro anos.
A Abracopel atribui parte da melhora ao sucesso de projetos como o “Abracopel no Lar” e o “Concurso Nacional de Desenho, Redação e Vídeo”, que orientam famílias e crianças sobre riscos domésticos.
Incêndios por sobrecarga: aumento alarmante
Enquanto os choques apresentaram queda, os incêndios elétricos seguem em curva ascendente. O país registrou 632 ocorrências e 21 mortes no semestre, ante 467 e 15 no mesmo período de 2024.
O crescimento, segundo o estudo, está diretamente ligado à venda de fios e cabos irregulares, sem certificação de segurança. Dados do Sindicel (Sindicato das Indústrias de Fios e Cabos) indicam que 70% dos produtos apreendidos no país são irregulares.
Os incêndios em residências respondem pela maioria das ocorrências: 302 casos e 20 das 21 mortes no período. O comércio é o segundo setor mais afetado, seguido por indústrias e áreas rurais.
As instalações internas com sobrecarga foram a principal causa: 361 registros, quase 50% a mais que em 2024.
Sudeste concentra os maiores aumentos
Entre as regiões, o Sudeste foi a que mais preocupou: o número de incêndios passou de 125 para 210, um salto de 70%. O Sul teve alta de 135 para 164 ocorrências, o Nordeste foi de 104 para 125, o Norte subiu de 51 para 65, e o Centro-Oeste, de 52 para 68.
A Abracopel alerta que, se a tendência continuar, o país poderá bater novo recorde negativo até o fim de 2025 — o último ocorreu em 2024, com 1.186 incêndios elétricos em todo o ano.
Alerta e prevenção
A entidade reforça que a escolha de materiais de qualidade e a contratação de profissionais qualificados são medidas fundamentais para prevenir tragédias.
“A instalação elétrica não é detalhe estético, é questão de vida e segurança”, destaca o relatório.
A Abracopel orienta consumidores a verificarem a certificação dos produtos e seguirem campanhas de conscientização disponíveis no site www.abracopel.org
e nas redes sociais @abracopel e @abracopelnolar.










