A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), afirmou que a abertura da Comissão Processante (CP) que investiga o caso dos uniformes escolares foi uma “tempestade em copo d’água” e atribuiu a crise política ao presidente da Câmara Municipal, Wanderlei Cerqueira. Segundo ela, o vereador não aceita o fato de ela ter sido eleita prefeita e tem atuado como oposição direta ao Executivo.
Flávia disse que o processo dos uniformes não passou exclusivamente pela Secretaria de Educação e afirmou que eventuais esclarecimentos serão apresentados no âmbito da defesa. No entanto, ela destacou que o problema não está na Câmara como instituição, mas na condução do presidente da Casa. De acordo com a prefeita, Vanderlei chegou a dialogar com ela no início da gestão, mas hoje mantém postura de enfrentamento político.
A prefeita também criticou a forma como a CP foi aberta. Segundo ela, os vereadores receberam a denúncia durante a sessão, sem leitura prévia, e votaram pela abertura sem compreender integralmente o conteúdo. Flávia afirmou que o tema é grave e deveria ter sido analisado tecnicamente antes da deliberação. Questionada se a atuação do presidente da Câmara é pessoal ou orientada por terceiros, a prefeita disse que se trata de uma iniciativa política do próprio vereador.
Apesar do conflito, Flávia afirmou que não está focada na disputa pela Mesa Diretora e que caberá aos vereadores julgarem a gestão interna da Casa. Seu foco, segundo ela, está nos projetos do Executivo que dependem de votação, como o concurso público, os planos de cargos, carreiras e salários (PCCS), a fusão de secretarias e ajustes estruturais na Procuradoria, Procon, Secom e Secretaria de Assistência Social.
A prefeita disse que a Câmara tem justificado a demora na votação alegando necessidade de parecer do Tribunal de Contas do Estado sobre a capacidade financeira do município para arcar com os custos das reformas e do concurso. Flávia rebateu afirmando que o TCE não é órgão consultivo e não emite pareceres dessa natureza, apenas fiscaliza e delibera. Para ela, a consulta seria uma forma de postergar decisões importantes para a administração.
Flávia explicou que as reformas precisam ser aprovadas antes de 2026, pois o orçamento anual e o PPA foram encaminhados já prevendo a reorganização administrativa. Segundo a prefeita, a atual situação obriga o município a trabalhar “com as ferramentas que tem”, apesar das dificuldades impostas pela falta de alinhamento com o Legislativo. Ela afirmou que seria mais fácil governar com uma Câmara colaborativa, mas que seguirá executando projetos mesmo diante das resistências.
A prefeita também confirmou que pretende criar a Secretaria Municipal de Cultura e convidou o vereador Jero Neto para assumir a nova pasta. Segundo ela, o convite ainda não foi aceito por questões profissionais do vereador, mas o tema seguirá em discussão.










