O ex-prefeito de Sinop e ex-deputado federal Nilson Leitão confirmou que assume, a partir desta quinta-feira (11), a presidência estadual do Progressistas (PP) em Mato Grosso. Após 32 anos de filiação ao PSDB, ele diz que encerra um ciclo e inicia “uma nova história” em um partido que, segundo avalia, se ajusta melhor ao atual reposicionamento da política brasileira.
“Encerrei meu mandato de deputado federal em 2019 como o mais votado de Mato Grosso, com voto em todos os municípios. Foram 32 anos de PSDB, onde fui vereador, deputado estadual, prefeito duas vezes, deputado federal duas vezes, líder da oposição, líder do partido, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, presidente estadual. Tenho um amor enorme por essa história, mas é hora de escrever outra”, afirmou, em entrevista ao programa do jornalista Geraldo Araújo.
Leitão disse que o PSDB, tradicional antagonista do PT, ficou “espremido” com a ascensão de uma nova direita organizada em torno do bolsonarismo. “Sempre fomos o contraponto ao PT. Hoje, essa nova direita ocupa esse terreno e o PSDB perdeu espaço. Continuamos oposição ao PT, mas sem espaço partidário claro”, avaliou.
Segundo ele, a decisão de deixar o PSDB foi comunicada formalmente às direções nacional, estadual e municipal, incluindo os ex-presidentes Marconi Perillo, Aécio Neves, o deputado estadual Carlos Avalone e lideranças de Sinop.
Leitão afirmou ter recebido convites de diferentes siglas, mas que viu no PP a melhor convergência com seu perfil e sua trajetória ligada ao agronegócio. O ingresso foi articulado pela senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura no governo Bolsonaro, pelo deputado estadual Paulo Araújo (atual presidente que deixa o comando) e pelo ex-senador Cidinho Santos, apontado por ele como “um dos grandes líderes do PP em Mato Grosso”.
“Eu aceitei o convite e vou assumir o PP junto com a senadora Margareth Buzetti, que será a vice-presidente. O partido tem mais de 100 vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, lideranças municipais. Agora vamos organizar isso em nível estadual”, disse.
Reconstrução do PP e federação com União Brasil
Nilson Leitão destacou que o Progressistas, hoje, tem estrutura proporcionalmente modesta em Mato Grosso. “É um partido em construção: não tem deputado federal, tem um deputado estadual que está saindo. Vamos começar do zero na Assembleia e na Câmara Federal”, afirmou.
Ele diz que a meta é montar uma chapa completa para deputado estadual e federal, além de ter nomes competitivos para o Senado e para a disputa majoritária. “Quem organiza partido tem que estar disponível a tudo. Para sentar à mesa, o partido precisa ter todos os nomes”, resumiu.
O PP firmou federação nacional com o União Brasil, acordo que foi protocolado recentemente no Tribunal Superior Eleitoral. Leitão lembrou que o acerto foi costurado antes de sua entrada na legenda e que, a partir de agora, começam as negociações nos estados.
Em Mato Grosso, a federação enfrenta um cenário interno mais complexo, com a presença de figuras como o senador Jayme Campos, que se coloca como pré-candidato ao governo, e o governador Mauro Mendes, presidente estadual do União Brasil, que tem preferência por outro nome, o vice-governador Otaviano Pivetta.
“Otimismo é inerente à minha pessoa. Toda divergência se resolve com diálogo. O senador Jayme tem história e direito de buscar a candidatura; o governador Mauro é a grande liderança do Estado e preside o União Brasil. Eu vou conviver com esses dois polos e respeitá-los. Democracia é isso: ninguém pode arrancar o sonho de ninguém, todos devem ser ouvidos”, disse.
Leitão defendeu que as decisões sejam tomadas dentro do calendário eleitoral e com debate interno real. “Não pode ser igual a alguns partidos em que um manda e o resto obedece. Tem que haver discussão, ouvir todo mundo. A democracia precisa nascer dentro da estrutura partidária”, completou.
Ele assume formalmente o comando do Progressistas na noite desta quinta-feira, em reunião seguida de confraternização com lideranças, quando inicia o processo de formação de chapas e alianças para 2026.






