O governador Mauro Mendes (União Brasil) afirmou, em entrevista nesta sexta-feira (31), que o Brasil está à beira de um colapso fiscal e defendeu reformas estruturais urgentes tanto no sistema de Justiça quanto na condução das contas públicas. O chefe do Executivo mato-grossense também cobrou do Congresso Nacional a aprovação de leis mais duras e eficazes para conter o avanço da criminalidade e reduzir a sensação de impunidade.
“O Brasil estava caminhando para o caos. Agora, nós estamos correndo para o precipício. Vai acontecer um caos fiscal no Brasil. O próprio TCU já falou sobre isso: em 2027 vai ter shutdown da máquina federal. Ou seja, não vai ter dinheiro para pagar despesas correntes”, alertou Mendes, ao comentar o déficit de R$ 17 bilhões nas contas públicas divulgado pelo Banco Central.
O governador disse que o país precisa de lideranças com coragem para fazer o que é certo, citando o exemplo de Mato Grosso, que, segundo ele, superou a crise de 2018 com ajustes duros e responsabilidade fiscal.
“Graças a Deus, tomamos medidas que todo mundo chamava de duras no início. Fui vaiado por diversos setores, mas hoje Mato Grosso está equilibrado, com escolas, estradas e hospitais sendo construídos. O Brasil precisa de alguém com coragem, estratégia e firmeza para fazer o mesmo”, declarou.
Mendes também fez duras críticas ao sistema judicial brasileiro, que, segundo ele, permite sucessivos recursos e penas brandas, o que favoreceria o aumento da criminalidade e da sensação de impunidade.
“Vejo a agonia da minha polícia civil e militar, que prende pessoas duas, três vezes na mesma semana. Crimes como estelionato e extorsão têm penas muito pequenas. O que existe hoje é gente aplicando golpe na internet porque a punição é branda. As pessoas são presas e no dia seguinte estão soltas fazendo tudo de novo”, disse.
O governador afirmou que não fala sobre o tema com foco eleitoral, mas como um problema real e urgente.
“Não estou pensando em 2026. Estou pensando em um problema que aflige a todos nós. Precisamos parar de olhar para os problemas e pensar em eleição. O Congresso tem que ser rápido, criar leis mais inteligentes, eficientes e acabar com essa sensação de impunidade”, completou.
Mauro Mendes também comentou o projeto do Governo Federal que cria uma lei antifacções, classificando a iniciativa como “positiva, mas insuficiente”. Segundo ele, o problema está na estrutura do sistema jurídico, que precisaria ser reformulado.
“Pode fazer uma lei dessa, é uma boa iniciativa. Mas depois ela cai no Judiciário e fica tramitando por 10, 20 anos. O STF vai decidir se pode ou não aplicar a lei. O problema é estrutural. Precisamos rever todo o sistema jurídico brasileiro”, criticou.
Para o governador, o Supremo Tribunal Federal não deveria atuar em casos como a soltura de criminosos, o que sobrecarrega o tribunal e fragiliza o sistema.
“Com todo respeito ao Supremo, não é papel de ministro decidir se solta ou não solta um traficante. O Judiciário brasileiro está abarrotado, e isso é reflexo de décadas de ineficiência do poder público”, avaliou.
Mendes defendeu que o país limite os recursos judiciais e acelere o cumprimento das penas, sob pena de perpetuar a impunidade.
“Hoje, se o cara tiver um bom advogado, ele não vai pra cadeia. Aí o crime prescreve, e isso virou rotina. É por isso que criamos essa sensação de impunidade. O Brasil tem um dos sistemas judiciais mais lentos do planeta”, disse.
Ao encerrar a entrevista, o governador reforçou que o país precisa de ação e não de discursos. “Foram décadas de ineficiência do poder público. Para romper com isso, tem que ter coragem, estratégia e inteligência. Parar de conversar muito e fazer um pouco”, concluiu.






